Reconhecer as migalhas do outro em nós, aqui, não é sobre crescimento em comunidade e sim sobre o que tornamos nosso, sem ser. Sabe aquele ex que você odeia? O quanto dele ainda existe em você — para o bem ou para o mal? O que era dele e se tornou seu?
Aquela amizade, aquele ex, aquele ex chefe… Tantas migalhas de outros que carregamos ser ver, sem reconhecer que (gostando ou não) aprendemos comportamentos com aquelas pessoas. E sempre que isso acontece, a nossa mente pode nos levar pelos mesmos caminhos e a arrogância nem sempre nos permite enxergar nossos comportamentos destrutivos. Porque agora os vivenciamos não como vitima, mas como algoz.
Repetir até superar, diria minha terapeuta, mas não entedia até recentemente o que ela estava me dizendo. Toda teoria faz sentido até se tornar vida real: até ser você repetindo comportamentos de um Outro que você odeia. Até ser você saboreando o prazer da posição de poder. Até você se ouvir dizendo as mesmas desculpas, sorrindo para os desastres que já te fizeram chorar.
Esse texto não é uma reflexão sobre sermos melhores. É apenas um texto sobre o que acontece. Não vou te dizer que é errado e devemos aprender a sermos pessoas superiores ao Outro que nos machucou. Não vou prometer ser melhor do que eles, nem pior. Mas agora com a visão sobre as duas perspectivas (vitima e algoz), minhas ações não são mais inconscientes o que pode levar a um processo de mudança. E aceitar que algumas migalhas são ingredientes essenciais da minha farofa.
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