Existir apenas na sua mente é uma experiência (quase) individual. Mesmo nosso cérebro sendo como uma romã, com sementinhas de informação, cada um lida com elas da sua maneira. As minhas são ativas e barulhentas. Ouvi dizer de pessoas que habitam em silêncio. O único momento que eu experiencio silencio mental é durante uma boa transa — calculando, não tenho mais de três horas de silêncio na vida. E olha que eu tentei mais.
E talvez por não ter conseguido, seja algo que busco na vida. Ou, pelo menos, um barulho organizado. Quando consigo focar em algo que amo, o caos vira uma melodia harmoniosa que não me incomoda mais.
Ironicamente, a harmonia interna que eu sempre construí foi no caos externo: roles, amigos, musica alta, estímulos físicos. E agora, com mais de um quarto de século vivendo assim, decidi procurar a melodia sem me colocar no extremo físico. Encontrar paz na paz. Silêncio no silêncio. Igual nas músicas e teorias, como nos explicam os livros e os milhões de videos no tiktok.
Fácil falar, difícil fazer.
O fim do twitter me privou de mais um caos externo e estímulo extremo (e diário) que eu tinha. Viver longe da metrópole também. Parar de dar role toda semana então, imensurável o tumulto que perdi.
E claramente não encontrei melodia harmoniosa desde então. O silêncio externo é proporcional ao barulho interno. E como mediadora de uma briga inexistente, tento organizar o que antes eu só evitava. E nesses momentos eu quase sinto empatia pelos que desistiram dessa guerra — a vocês que não se atrevem a pensar, saibam que meus ataques foi e serão apenas inveja. Que a guerra de vocês seja mais divertida que a minha.
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