Eu poderia ser professora infantil. Ou universitária. Eu poderia viver numa agrofloresta, cultivando para uma economia circular. E de quebra virar tiktoker com minha rotina no mato. Ou me isolar completamente da vida digital e construir um circulo pessoal menor, mas que ainda me garantiria sustento e boa convivência. Eu poderia ser uma jornalista renomada, uma produtora de eventos, escritora, pintura, doula, obstetriz e médica veterinária. A maioria dessas coisas eu tentei ou tento ser.
E às vezes, me pego pensando em quanto mais me falta saber e aprender. O quanto eu poderia me aprofundar em mais temas. E nem posso dizer que isso começou agora na vida adulta, porque quando criança e adolescente eu fiz o mesmo. Tudo me interessa, tudo me fascina, tudo poderia ser meu objetivo de vida. Meu propósito, como os coachs amam dizer.
A verdade é que quanto mais questiono o que é sucesso para mim, o que é carreira e a importância do trabalho na minha vida, mais eu vejo que o que faz sentido para mim não é o que me ensinaram a vida toda.
Uma vida de sucesso, para mim, seria ter a possibilidade de explorar temas diversos, me aprofundar neles. Viver, ainda que por poucos anos, ainda que depois eu mude de ideia e de gosto, a vida que eu acredito ser a certa hoje. Entender meus valores e desejos que talvez, socialmente, eles pareçam cada vez mais dispersos e sem sentido.
Claro, o sistema capitalista nos coloca muitas vezes em posições onde precisamos adiar nossos grandes sonhos e, em alguns casos, torna eles inclusive impossíveis em apenas uma vida. No entanto, o que ele não roubar de mim, eu certamente irei viver sem medo ou culpa.
Que a tristeza seja apenas porque não fizemos tudo, e não porque não fizemos nada.
コメント